Matéria Especial
Síndrome do Pânico e Extrassístole
por Marlon Moreira Nery
Coordenador de Mídia da AAC
Os ataques de pânico, importante causa de morbidade, ocorrem em quase 2% da população. Reduzem a qualidade de vida e podem elevar o risco de transtornos de ansiedade e de outros padrões de doenças psiquiátricas. Muitos pacientes descrevem como sintomas frequentes, durante um ataque de pânico, dor torácica inespecífica, taquicardia, dispneia, tonturas ou desconforto abdominal.
Esses sintomas são semelhantes à descrição feita por pacientes com extrassístole ventricular ou atrial, condição que costuma ser benigna, na qual há uma contração prematura do coração, antes que o mesmo fique cheio de sangue. Após a contração prematura, o coração se enche com uma quantidade maior de sangue, tornando a contração seguinte ainda mais forte.
A síndrome do pânico e a extrassístole têm ação rápida no coração, são de curta duração e não deixam tempo para fazer um ECG adequado. Os pacientes podem então ser enviados para um médico generalista ou cardiologista para excluir uma origem cardíaca dos sintomas. Como o ECG fora de um quadro agudo é normal, não há outros sinais de que seja uma doença cardíaca estrutural. É descartada a hipótese de problema cardíaco subjacente. Por um lado, os cardiologistas provavelmente considerarão a extrassístole como o diagnóstico primário e atribuirão a ela sintomas como palpitações, dor torácica, dispneia, ansiedade, pânico ou tontura. Por outro lado, na medicina psicossomática ou na psiquiatria, um ataque de pânico pode frequentemente ser considerado como o evento primário caracterizado pelos sintomas descritos e a taquicardia observada ou relatada é considerada como a consequência do ataque de pânico.
Alguns fármacos antipsicóticos têm vários efeitos secundários desfavoráveis. Os antidepressivos, particularmente os tricíclicos (isto é, imipramina, desipramina, amitriptilina ou clomipramina) assim como neurolépticos (isto é, haloperidol, droperidol, tioridazina ou pimozida) interagem com canais iônicos e podem assim melhorar as arritmias com risco de vida. Como consequência, os clínicos devem estar cientes de possíveis reações adversas, especialmente em pacientes com história de eventos cardiovasculares. Portanto, a conduta para a hipótese de Síndrome do Pânico com antipsicótico pode agravar um quadro de ansiedade que tem como base uma arritmia cardíaca.
Os ataques de pânico e a extrassístole apresentam sintomas clínicos semelhantes. Ambas as afecções ocorrem frequentemente em pacientes jovens e saudáveis. Uma vez que ataques de pânico repetidos podem levar a transtornos de pânico crônicos, um diagnóstico adequado e terapia direcionada da extrassístole é importante para prevenir a doença. Além disso, fatores psicológicos, obviamente, contribuem para o prognóstico das doenças cardiovasculares.