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Editorial

Passo a Passo para a           Residência Médica

por Sthefania Sad S. F. R. Fruet

Coordenadora de Pesquisa da AAC

Ao ingressar na faculdade de medicina, quase instantaneamente somos questionados sobre qual área seguiremos. Lidar com essa pergunta, com as opiniões e pedidos de familiares do tipo: “se fizer cirurgia plástica, posso ser sua cobaia” ou “escolha geriatria, para ser meu médico na velhice” são situações engraçadas e corriqueiras em nosso cotidiano durante todo o curso. 

Muitos, desde o início da graduação, já sabem qual especialidade seguir, outros mudam de ideia durante o caminho. Porém, não é incomum ver jovens médicos indecisos a respeito da escolha. 

Ser aprovado em uma residência médica de qualidade não é fácil. O número de vagas é restrito, e a concorrência assustadora, tendo algumas especialidades uma relação candidato/vaga infinitamente maior em relação ao vestibular de medicina. Por isso a única opção para os que desejam ingressar em uma dessas vagas é se preparar com dedicação.

Porém, ao candidatar-se em um grande concurso, estudar muito não é a única exigência, afinal, teoricamente, todos os candidatos estudam muito (ou deveriam). Dessa forma, é necessário ir além para se destacar dos outros concorrentes e conseguir a tão sonhada aprovação. Mas, como isso deve ser feito? 

1. Leia inteiramente o edital do concurso que está disposto a se inscrever (e faça isso antes de efetuar a inscrição). Sim, ler edital não é a tarefa mais agradável, não vou mentir, mas cada concurso é único (e as regras podem mudar a cada ano, ou seja, o edital de 2017 pode ou não ser igual ao de 2016), e é no edital que estão contidas as regras e exigências do jogo. Será lá que todas as suas dúvidas serão esclarecidas e onde você poderá obter as informações de quais itens podem te dar bonificações extras. 

2. Construa um bom currículo durante a graduação. Seu currículo é a prova do que você fez durante a faculdade. Infelizmente, não é informado aos alunos na grande maioria das instituições, a importância de se ter um bom currículo, de realizar atividades extraclasse, estágios não vinculados à faculdade, ter domínio de uma língua estrangeira, etc. 

3. Muitos concursos tem uma fase de análise de currículo (geralmente a fase final). Nela, será analisado o desempenho do candidato durante a graduação: se foi monitor de alguma disciplina, se frequentou congressos, se apresentou trabalho e/ou pôster em congresso e se obteve alguma premiação, se teve alguma publicação científica (artigos, textos em sites, capítulos em livros, revistas, entre outros), se fez algum estágio extra (no Brasil ou no exterior), se fez trabalho voluntário, se houve participação em ligas acadêmicas como ligante e/ou membro de diretoria, participação em organizações estudantis (centro acadêmico, atlética, diretório central de estudantes), se fez cursos complementares, se domina algum outro idioma, e até mesmo se fez parte de algum time esportivo ou grupo cultural da faculdade.

 

4. É importante lembrar que tudo o que consta no currículo deve ser provado (não tente ser “esperto” e forjar algum item, você pode ser até mesmo desclassificado da disputa caso a fraude seja comprovada), logo tenha sempre com você todos os certificados que comprovem as informações. Caso tenha alguma publicação é importante apresentar os anais (proceedings) do referido congresso, ou livro, revista, site onde fora publicado. Muita das vezes a mera apresentação do certificado não se faz suficiente (tendo em vista a maior possibilidade de fraude). 

5. Aproveite todas as oportunidades que tiver durante a graduação para aprender a falar em público e trabalhar em equipe. Sim, muitas pessoas tem essa dificuldade, principalmente em relação à oratória. Porém, algumas instituições fazem entrevistas para analisar a postura, objetividade, interesses e expectativas profissionais, fluência verbal e desenvoltura, capacidade de auto avaliação, além de verificarem a coerência com os dados apresentados no Curriculum Vitae. 

6. Alguns editais pedem que o candidato anexe seu Currículo Lattes e não apenas o currículo simples. Caso você não tenha um, faça o quanto antes e vá anexando as informações conforme as for desenvolvendo. Na internet, você encontra com facilidade diversos vídeos no youtube, bem como textos de tutorial ensinando a criar e atualizar a plataforma. 

7. Existem inúmeros cursos preparatórios para residência, porém a decisão de fazer um ou não é extremamente pessoal. Muitas pessoas optam por fazer, porém isso não é garantia de aprovação. Muitos logram êxito com cursinho e muitos sem. Caso faça essa opção, conheça a metodologia do curso antes da matrícula (se possível faça uma aula experimental), analise seu material de apoio e as ferramentas que o curso te proporciona. Hoje existem inúmeras opções de cursos presenciais e online, o que dá ao aluno uma maior chance de escolher uma metodologia que seja mais adequada à sua realidade de aprendizado, condição financeira, tempo disponível, etc. 

8. Faça provas anteriores. Cada banca examinadora tem um perfil de prova diferente. Ao refazer as provas você se familiariza com o perfil de questões da mesma. Faça provas não só de concursos de residência médica. Algumas bancas organizam durante o ano concursos para prefeituras, órgãos governamentais que abrem vagas para médicos. Embora a ementa dos concursos não seja a mesma, vale a pena refazer as questões onde as matérias são semelhantes para treinar seus conhecimentos sobre os temas. 

9. Alguns concursos como SUS-SP, já disponibilizam a opção treineiro. Como o nome já diz, vale a pena usar esse artifício para treinar como você administra o seu tempo de prova (ele pode ser decisivo na sua aprovação), antes de ser a sua prova de verdade. 

10. Se organize! Faça um cronograma de estudos, revise os pontos mais importantes da matéria. Não subestime matérias como saúde pública (ela pode ser o seu diferencial). 

11. Estude, estude muito durante a sua graduação. Estude para ser um excelente profissional, para dominar ao máximo as técnicas. Não estude apenas para a prova, estude para aprender. 

12. Confie no seu conhecimento e mantenha a calma durante a preparação. A prova de residência é o início de um novo ciclo, e apesar de toda insegurança e medo que isso pode significar lembre-se de todo o trajeto que percorreu e venceu até chegar aqui. Você é capaz, acredite!

Bons estudos! 

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