Matéria Especial
Mudanças nas residências médicas. O que você, acadêmico de medicina, deve saber?
por Jonathan Augusto Venceslau Lima
Coordenador de Ensino da AAC
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A residência de Cirurgia Geral passará de 2 para 3 anos
A partir de 2017, a residência de cirurgia geral passará a ser de três anos e não mais de dois, como atualmente. A mudança foi aprovada por unanimidade pela Comissão Nacional de Residência Médica. O aumento na duração do curso de cirurgia geral baseia-se nos modelos já utilizados em outros países, visando o preparo de um cirurgião geral mais completo.
O CBC apresentou modelos de currículos baseados em habilidades e competências tanto para um ano, quanto para dois e três, sendo o de três anos o modelo completo que definirá a titulação de cirurgião geral, e as opções de um e dois anos para anos iniciais dentro das especialidades.
A Associação Nacional de Médicos Residentes votou a favor da mudança somente após o compromisso da Associação Médica Brasileira (AMB) de se reunir com todas as sociedades de especialidades cirúrgicas para definirem a nova forma de acesso e duração para cada uma das especialidades, de acordo com critérios técnicos definidos pelas sociedades.
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MEC desiste de aumentar tempo da graduação em Medicina e propõe residência médica obrigatória
Após receber críticas sobre a possibilidade de aumentar em dois anos a duração do curso de Medicina – de seis para oito anos –, o Ministério da Educação recuou e decidiu cancelar a proposta. No lugar, o governo defende dois anos de residência médica para todos os recém-formados, em caráter de especialização. A mudança ocorreria a partir de 2018, com o primeiro ano de trabalho no atendimento do setor de urgência e emergência do Sistema Único de Saúde (SUS). No segundo ano o recém-formado também atuaria no SUS, mas na área de especialização que tiver escolhido.
Atualmente, a residência não é obrigatória. Caso a proposta anterior fosse mantida, a formação em Medicina do estudante poderia se estender em até dez anos. Todas essas medidas discutidas sobre o curso fazem parte do programa Mais Médicos, instituído pela Medida Provisória 621/2013, divulgado pelo governo em julho.
“É evidente que algumas especialidades são mais disputadas, terão exames de seleção. Mas terá vaga para todo estudante de medicina. A partir de 2018, queremos condicionar para algumas atividades da medicina a obrigatoriedade da residência, a exemplo do que ocorre em alguns países”, disse o ministro. A decisão foi tomada após discussão com diretores de faculdades, comissão de especialistas e representantes da Associação Brasileira de Educação Médica.
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A residência de Cirurgia Cardiovascular terá acesso direto.
Em reunião da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), em maio de 2017, foi aprovada a alteração no programa de residência médica da especialidade de Cirurgia Cardiovascular, que passa a ser de acesso direto a partir de 2018. Atualmente, para acesso ao programa de 4 anos de duração é necessário um pré-requisito de 2 anos em Cirurgia Geral. A mudança foi pleiteada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular com a justificativa de ajustar o treinamento dos residentes. Com a aprovação o ingresso na especialidade passará a ser de acesso direto, terá duração de 5 anos e já está valendo para os concursos de residência médica no final do ano.
Outros programas de residência médica também têm reivindicado e testado mudanças no acesso e treinamento para as especialidades como forma de aprimorar o ensino. A CNRM também aprovou este ano mudanças na residência médica de Cirurgia de Cabeça e Pescoço que agora passa a aceitar como pré-requisito, além de cirurgia geral, a especialidade de Otorrinolaringologia. Outro programa que foi alterado foi a área de atuação em Radiologia Intervencionista e Angiorradiologia, em que foi incluído um novo ano de treinamento passando para 2 anos de duração.
Referências:
1. CBC comemora mudanças na residência médica a partir de 2017 Cooperativa de Cirurgiões Gerais do Espirito Santo, 2017.
2. MEC desiste de aumentar tempo da graduação em Medicina e propõe residência médica obrigatória. Guia do Estudante, 2017.
3. Ata da Mudança para o acesso direto a cirurgia cardiovascular do Conselho da Comissão Nacional de Residência Médica.