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Notícia

As mudanças no protocolo de reanimação e sua efetividade real

por Isabela Corrêa Cavalcanti Sá

Coordenadora Multidisplinar da AAC

O protocolo de reanimação está em constante mudança e aprimoramento. Muitas alterações sempre são feitas de um para outro, os quais são lançados a cada 5 anos pela American Heart Association (AHA) e cujo principal objetivo é a otimização do caráter efetivo da ajuda oferecida ao paciente quando este entra em parada.

 

No protocolo de reanimação do BLS, vários pontos mudaram. A busca por ajuda, agora, se faz antes do início das compressões, com avaliação rigorosa se há mesmo ausência de pulso, respiração ou ambos. A intenção deste ato é minimizar atrasos e incentivar a avaliação e a resposta simultânea eficientes. O choque deve ser administrado o mais rápido possível se houver um DEA nas proximidades, pois embora tenha estudos que mostem algum benefício advindo da aplicação de compressões torácicas por um tempo para depois colocar o DEA, não foi observada diferença de desfecho quando comparado ao uso somente do DEA. No contexto da velocidade das compressões torácicas, antes o indicado era de no mínimo 100 compressões por minuto e hoje, com a nova diretriz, é de um mínimo de 100 e um máximo de 120 compressões por minuto, indicando que o pico de efetividade encontra-se neste intervalo. A profundida das compressões torácicas também mudou, passando de no mínimo 2 polegadas (5 cm) para o intervalo entre 2 e 2,4 polegadas (5 a 6 cm), com ênfase na atualização que diz que os socorrista devem evitar fazer um apoio total sobre o tórax, permitindo que este retorne por completo.

No protocolo de ACLS, nessa mesma linha de pensamento, sete mudanças foram feitas para o seu seguimento de maneira mais efetiva no suporte do paciente que deste cuidado é necessitado. A vasopressina foi definitavemente abolida do protocolo de ACLS por motivos que vão desde a simplificação da conduta até o relato de esta oferecer menores vantagens em relação à adrenalina. A administração mais precoce de adrenalina é recomendada tão logo esta droga esteja disponível, já que estudos mostram melhores desfechos com a precocidade desta administração durante a reanimação. A ventilação durante o RCP também sofreu modificação, sendo agora a recomendação de 10 ventilações por minuto, ou seja, 1 ventilação a cada 6 segundos. Em relação à capnografia, antes ela era inclusa no protocolo de 2010, porém, no atual é um sinônimo de prognóstico no sentido de determinar até onde a parada deve ir, indicando se ainda vale a pena continuar ou as chances de sucesso serão mínimas. O uso de antiarrítmicos pós-PCR FV/TVSP agora é recomendado, apesar das parcas fontes que comprovem a efetividade. Quanto ao uso de corticoide, pode parecer estranho em um primeiro olhar, mas uma nova recomendação indica a administração de um combinado de vasopressina 20 U + adrenalina 1 mg a cada 3 minutos, com o suporte no primeiro ciclo de metilprednisolona 40 mg, e, com o acato a esta recomendação, fazer a adiministração durante 7 dias de hidrocortisona 300 mg/dia.

 

Assim, os protocolos de reanimação – que não se restringem, mas são principalmente esses – são alvo de constante reavalição e aprimoramento, visando a proporcionar maior qualidade do cuidado oferecido ao paciente e, com isso, aumentar a possibilidade de trazê-lo de volta com o mínimo de danos possível. 

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