Matéria Especial
Médicos Brasileiros no Exterior
por Edson Kazuo Kakudate Junior
Coordenador de Estágio da AAC
Quem nuca sonhou em morar no exterior? Em viajar, conhecer lugares novos, estudar e se especializar por lá, não é mesmo?
Pois bem, hoje vamos contar um pouco sobre a atuação de dois médicos brasileiros no exterior e como eles são vistos por lá. Quem sabe a história deles não possa inspirar você a se aventurar lá fora também?
Não é difícil de encontrar na Internet histórias de médicos brasileiros que foram ao exterior em busca de conhecimento, para fazer residência ou especialização. Alguns deles se transformaram em referência nacional e internacional, como é o caso do nosso ilustre Dr. José Eduardo Sousa, primeiro médico a fazer cateterismo no Brasil e criador da técnica de revestimento com rapamina do stent a ser implantado na artéria. Reverenciado dos Estados Unidos ao Japão, Dr. Eduardo formou-se pela Universidade Federal de Pernambuco, especializou-se em cardiologia pediátrica pela Harvard Medical School, fez doutorado em cardiologia pela Universidade de São Paulo e foi diretor técnico do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de 1983 a 2004, entre muitas outras coisas.
O Dr. Eduardo é referência quando se fala em stents coronários. Em 1966, após presenciar a então inovadora técnica do cateterismo no famoso centro de cardiologia americano Cleveland Clinic, ele foi o pioneiro a implantá-la no Brasil anos depois. E não parou por aí. Após um médico alemão criar uma nova técnica, a angioplastia com balão, o Dr. Eduardo passou uma temporada na Europa e adotou a técnica, trazendo-a para o Brasil. Em 1999, ele propôs colocar uma prótese de metal dentro da coronária e, em uma parceria com uma indústria farmacêutica, introduziu uma droga, a rapamicina, no ponto da obstrução coronária, junto como stent, revolucionando para sempre o tratamento das coronarianopatias. A partir daí, foi convidado para ensinar estas técnicas por todo o mundo e hoje é uma referência internacional.
Outro médico brasileiro em destaque no exterior é o Dr. José Pedro da Silva, que mudou a forma de fazer cirurgias cardíacas em crianças. Graduou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) em Botucatu, fez sua residência em cirurgia cardiovascular no Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe, 1974-1976) e aprimoramento em cirurgia torácica e cardiovascular nos EUA por quatro anos, na Cleveland Clinic Fondation, em Ohio, como special fellow (1977-1978); clinical fellow (1979); e associated staff (1980). Em Boston, Massachusetts, desenvolveu-se nas principais técnicas de cardiopatias congênitas. Passou também pela Universidade de Stanford, na Califórnia, onde acumulou trabalhos em transplantes cardíacos no mais avançado centro da época.
Responsável por revolucionar a cirurgia de Epstein, que corrige uma má-formação congênita que impede o sangue de circular pelos dois lados do coração, ele conseguiu que o sangue percorra seu caminho natural, evitando novas cirurgias. Antes dele, o paciente teria de passar por operações a cada dez anos. Agora com sua técnica, se tudo der certo, não é mais necessário. Foi o primeiro cirurgião da América a realizar com sucesso o transplante de coração e pulmões em bloco.
Obteve o título de doutor pela Universidade de São Paulo, com a tese "Nova Técnica Cirúrgica - Correção da Anomalia de Epstein: Resultados Imediatos e a Longo Prazo", em 2008. Dr. Joseph A. Dearani, cirurgião da Mayo Clinic, apresentou o Dr. Pedro no encontro anual da Sociedade de Cirurgiões Torácicos em 2012 como: “o homem que mudou o mundo”. Dr. Pedro também é recomendado pelo Children’s Hospital de Boston, ligado a Harvard, para casos complicados.
Estar sempre em busca de conhecimento, aprender com humildade e ter perseverança são três dos principais ensinamentos que esses dois grandes médicos têm a nos ensinar com o seu exemplo. Deixar nosso país para aprender outro idioma e outra cultura pode ser uma experiência muito importante não só para nossas carreiras mas para nós como pessoas.
Em breve, o site da AAC trará algumas entrevistas com médicos que tiveram experiências no exterior para relatar suas histórias e tirar algumas dúvidas que nós estudantes temos sobre esse tipo de experiência.