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Editorial

Medicina: vocação ou carreira?

por Marlon Moreira Nery

Coordenador de Mídia da AAC

Voco, vocare, vocatus - a raiz latina da palavra "vocação" significa chamar, nomear, invocar, convidar, desafiar. O Dicionário Houaiss on-line define a palavra como: 1) ação ou efeito de chamar, de invocar, de denominar-se; 2) tendência ou inclinação natural que direciona alguém para uma profissão específica, para desempenhar determinada função, para um trabalho etc.; 3) orientação ou apelo ao sacerdócio ou à vida religiosa; 4) aptidão natural: um médico de vocação.

A frase, "como se em resposta a uma convocação", introduz uma qualidade mística. Se a palavra "profissão" for trazida para a discussão, há um grau de cruzamento conceitual religioso-secular. Uma definição dessa palavra é uma ocupação que requer formação considerável e estudo especializado. A profissão é parte da vocação, mas a vocação sugere um chamado superior, algo que exige tempo, treinamento e compromisso, com uma qualidade inefável que vai além de um trabalho.

Tornar-se e ser um médico não são tarefas fáceis. Pouco sono e lazer, juntamente com muito estresse físico e emocional, caracterizam o treinamento e a prática de muitos médicos. A graduação da escola de medicina marca o início de desafios mais graves e treinamento que continuam pela residência. Ainda mais em situações de recessão econômica, em que se diminuem os investimentos destinados à Saúde e exige-se fazer mais com menos. Pode não haver ninguém para confortar o consolador ou curar o cuidador.

Resgatar e cultivar traços de idealismo que o tenha levado a escolher a medicina é uma forma de praticar a resiliência perante as muitas adversidades inerentes da formação e da prática médica. Isso permitirá que o médico se inspire diariamente para seu trabalho, fazendo-o com mais dedicação e satisfação.  

A medicina é uma vocação, um emprego, uma carreira ou uma profissão? Na minha opinião, a vida de um médico pode ser descrita por todas estas palavras e examinada nessas perspectivas. As esperanças pessoais e as aspirações dos médicos, jovens e velhos, são o que os motiva e impulsiona e são, geralmente, as razões pelas quais eles escolheram a medicina. Se um apelo altruísta, ou a crença em uma vocação, ajudaram na escolha pela medicina, cultivar isso ajudará nos percalços dessa linda, porém exigente, profissão.

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