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Matéria Especial

Hipertensão arterial na infância

por Camylla Santos de Souza

Presidente Fundadora da AAC

A hipertensão arterial (HAS) pediátrica ganhou destaque nos últimos 25 anos, principalmente, devido a mudanças de estilo de vida de crianças e adolescentes, com a adoção de uma dieta mais rica em sódio/açúcares/gordura e pobre em potássio, associada a hábitos sedentários e estressantes. 

 

Segundo os relatórios do National Heart, Lung and Blood Institutee da Academia Americana de Pediatria, nos Estados Unidos, a incidência de HAS pediátrica aumentou em 1.109,19% em 10 anos, passando de 5.789 em 1977 para 70.000 em 1987.

A detecção precoce é essencial para prevenir lesões em órgão-alvo. Segundo a faixa etária, são mais prevalentes as seguintes etiologias para HAS pediátrica, em ordem:

É importante que o profissional médico não menospreze a aferição da pressão arterial em crianças e adolescentes. A triagem utiliza técnicas simples, rápidas e de baixo custo, uma vez que bastam como instrumentos o estetoscópio e esfignomanômetro. Se a pressão sistólica ou diastólica obtida for entre 90 e 95 mmHg, trata-se de pressão normal-alta ou limítrofe; caso esteja acima de 95 mmHg, quando medida em 3 ocasiões diferentes, pode ser considerada hipertensão arterial. Apesar de silenciosa em boa parte dos casos, a HAS pediátrica pode vir acompanhada de cefaleia, vômitos e escotomas. 

Na anamnese e exame físico, deve-se pesquisar acerca dos hábitos de vida, pré-natal, parto, uso de medicações, genitália ambígua e outras heranças genéticas, bem como de doenças renais, urológicas, endócrinas e/ou vasculares (lembrando que a hipertensão pode ser primária ou secundária). Dependendo da etiologia suspeitada, podem ser requeridos exames como MAPA; hemograma completo; uroanálise e urocultura; ureia, creatinina, eletrólitos, cálcio e ácido úrico; glicemia de jejum perfil lipídico, US renal; ecocardiograma; DMSA e uretrocistografia miccional; cintilografia renal (com e sem captopril); dosagem de renina com e sem diurético de alça; aldosterona sérica; catecolaminas em urina de 24 horas; esteroides séricos e urinários; arteriografia renal e dosagem de renina em veia renal, cintilografia miocárdica com meta-iodo-benzil-guanidina (MIBG); catecolaminas em veia cava; e biópsia renal.

Em geral, o controle da HAS pediátrica torna-se eficaz por meio da combinação entre mudanças de hábitos de vida e/ou medicamentos hipotensores – principalmente, bloqueadores do canal de cálcio e inibidores da ECA. 

O combate à hipertensão arterial na infância e adolescência faz-se imprescindível diante do elevado risco de morbimortalidade em idade precoce. A triagem se dá por meio de métodos básicos da prática de profissionais da saúde, de baixo custo e com impacto direto sobre o número de internações, gastos e óbitos futuros por doenças cardiovasculares.

Para isso, os cuidados devem começar antes do nascimento da criança, oferecendo à mãe acesso a serviços de pré-natal e assistência peri e pós-parto. Hábitos mais saudáveis de vida devem ser estimulados, com o menor consumo de sódio, açúcares e gordura, bem como à maior prática de atividades físicas e de lazer.

Fonte:

  • Salgado, C. M., & Carvalhaes, J. T. D. A. (2003). Hipertensão arterial na infância. Jornal de Pediatria.

  • National Heart, Lung, and Blood Institute. (1996). Update on the 1987 Task Force Report on High Blood Pressure in Children and Adlescents: A Work Group Report from the National High Blood Pressure Education Program. Pediatrics, 98, 649-657.

  • Lurbe, E., Agabiti-Rosei, E., Cruickshank, J. K., Dominiczak, A., Erdine, S., Hirth, A., ... & Rascher, W. (2016). 2016 European Society of Hypertension guidelines for the management of high blood pressure in children and adolescents. Journal of hypertension, 34(10), 1887-1920.

  • Harris, K. C., Benoit, G., Dionne, J., Feber, J., Cloutier, L., Zarnke, K. B., ... & Fournier, A. (2016). Hypertension Canada's 2016 Canadian Hypertension Education Program guidelines for blood pressure measurement, diagnosis, and assessment of risk of pediatric hypertension. Canadian Journal of Cardiology, 32(5), 589-597.

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