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Matéria Especial

Experiência de Estágio no Exterior

por Lívia Liberata Barbosa Bandeira

Associada da AAC

Ainda antes do final da graduação, a maior parte dos estudantes de medicina já começa a pensar no passo seguinte: a residência médica. Em um cenário em que cerca de 13 mil estudantes de medicina são diplomados por ano no Brasil para disputar poucas vagas de qualidade na residência, a formação médica é um importante diferencial.

Um grande agregado para esse contexto engloba as experiências internacionais que podem ser inseridas no currículo daqueles que entendem a necessidade de se destacar e fornecer o melhor serviço possível para os seus futuros pacientes.

Além das experiências e currículo, o intercâmbio médico enquanto estudante proporciona uma rede de contatos em solo estrangeiro, fato que, no sistema norte-americano, por exemplo, é um grande divisor de águas nas etapas de entrevista para residência médica.

Atualmente, existe a possibilidade de um estudante de medicina realizar intercâmbios de diversas modalidades, como em clerkships (estágio eletivo feito fora dos domínios da instituição de origem, geralmente acompanhado de “hands-on”), observerships (acompanhamento do serviço sem o “hands-on”, ou seja, apenas observação) e externership (apenas pesquisa médica). Esses podem ser adquiridos através da coordenação de relações internacionais da própria instituição, como também, por meio do contato do estudante com médicos palestrantes, professores e instituições desejadas.

A presidente da AAC, Camylla Santos de Souza, realizou um observership durante os meses de Julho e Agosto de 2016, no serviço de Cirurgia Cardiotorácica do Jackson Memorial Hospital, em Miami. Segundo ela, foi uma experiência extremamente gratificante, tanto do ponto de vista pessoal como do profissional. As quatro semanas que passou no Jackson lhe ajudaram a entender melhor como é o dia a dia de um médico nos Estados Unidos, bem como as vantagens e os desafios de se trabalhar lá. 

 

Segundo Camylla, "o serviço do Jackson é misto, atendendo tanto o plano de saúde 'público', do governo, como os de empresas privadas. A infraestrutura do hospital é fantástica, muito diferente do que se vê em alguns centros brasileiros. Lá, tudo é impecavelmente limpo e organizado. Não havia falta de materiais hospitalares, nem superlotação."

 

Ela disse ainda que, durante as rotações, tanto no ambulatório como na enfermaria, os médicos sempre foram bastante pacientes e compreensivos, explicando cada caso que atendiam: "Pude aprender bastante com os staffs, principalmente com o Dr. Tomas Salerno, chefe do serviço de cirurgia cardiotorácica de lá, que me ajudou bastante durante toda a minha temporada no Jackson e por quem fui extremamente bem acolhida."

 

Sobre as diferenças dos serviços em Fortaleza e em Miami, Camylla também afirmou: "Senti que nos EUA a questão hierárquica dentro do corpo médico é mais presente. Além disso, a rotina era diferente: como acadêmicos e internos, tínhamos que estar no hospital mais cedo, às 5h, antes dos residentes e staffs, para preparar os casos que seriam discutidos na reunião da manhã, às 7h. Às 8h, íamos ver os pacientes da UTI e às 9h, uma parte dos médicos ia para o centro cirúrgico e outra, para a enfermaria. Geralmente, terminávamos nossas atividades às 18h ou 20h."

 

Camylla ainda conta que outra grande diferença entre o serviço brasileiro e nos Estados Unidos, é que, lá, o contato dos acadêmicos e residentes com os pacientes é bem menor, com menos autonomia, já que a maior parte do tempo deles é preenchida com questões burocráticas, como a atualização das fichas dos pacientes. Além disso, no Brasil, o exame clínico ainda é algo mais empregado do que no serviço americano. 

 

Em relação à cidade, na opinião de Camylla, Miami é um dos melhores locais para se fazer estágio. Segundo ela, a cidade é muito viva e acolhedora, tem o clima semelhante ao do Nordeste do Brasil, com praias paradisíacas e muitos, muitos passeios divertidos a se fazer: "É uma mistura perfeita entre o calor e a alegria latina e a fartura do American way of life.

Pode-se concluir que os desafios de concretizar um intercâmbio no exterior existem, desde a sua burocracia e orçamento até a própria convivência em um lugar diferente daquilo que se é conhecido. Ainda assim, orientadores do escritório de estágios eletivos nos Estados Unidos assumem tal aventura como “uma janela de oportunidades” e acrescentam que “existem apenas pré-requisitos básicos esperados de um estudante de medicina e você será avaliado baseado na sua habilidade rápida de adaptação, QI, senso comum, habilidades interpessoais, conceitos gerais do conhecimento, confiança em si mesmo, habilidade de definir o seu papel no ambiente, capacidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, funcionalidade para se ajustar à equipe e o quanto a mesma pode se apoiar em você”.

Dessa forma, a atuação do estudante de medicina moderno não deve se restringir apenas à grade curricular de sua faculdade, mas de seu conhecimento de mundo e flexibilidade para se pensar fora da caixa.

Sentiu interesse? Então, não deixe de visitar a página sobre estágios do site da AAC, clicando no link a seguir: http://academicardio.wixsite.com/academicardio/estagios 

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