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Editorial

Espiritualidade e Saúde Cardiovascular

por Gustavo Adolfo Kuriyama Massari  

Coordenador de Mídia da AAC

Ultimamente se tomou conhecimento da importância do estudo da espiritualidade em prol do bem estar do paciente, notadamente o cardíaco. Vários estudos estão sendo realizados para se ter detalhamento desses benefícios. 

Um grupo de cardiologistas brasileiros está investigando as relações entre espiritualidade e doenças do coração; partem do princípio de que todo mundo conhece casos de pessoas que pioram, melhoram ou até se curam sem que haja uma explicação científica. “Isso nos leva a rever o modelo pelo qual as pessoas adoecem ou melhoram”, afirma o Dr. Álvaro Avezum, responsável pelo Grupo de Estudos em Espiritualidade e Medicina Cardiovascular (GEMCA) da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Antes há de se estabelecer as diferenças entre religião, espiritualidade e religiosidade:

Religião: sistema organizado de crenças, práticas, rituais e símbolos, que objetivam a aproximação com o sagrado ou transcendente (Deus, poder maior, ou realidade definitiva) e a compreensão da relação e responsabilidade do indivíduo com os outros, vivendo na mesma comunidade. É distinta de aspectos psicológicos positivos ou do humanismo secular.

Religiosidade: é a característica do indivíduo que acredita, segue, e pratica uma religião, em maior ou menor grau. Pode ser organizacional (participação na igreja ou templo religioso) ou não organizacional (rezar, ler livros sobre temas religiosos, assistir programas religiosos na televisão).

Espiritualidade:  é a busca pessoal de compreender as respostas a grandes questões sobre a vida e seu final, seu significado, e as relações com o sagrado e o transcendente, que pode ou não levar a rituais religiosos ou a formação de uma comunidade. 

Portanto, os estudos tem por objetivo comprovar como a espiritualidade se associa à menor chance de adoecer o coração. Para medir a espiritualidade, os pesquisadores do GEMCA consideram uma escala desenvolvida por universidades norte-americanas, já que 84% destas instituições nos Estados Unidos têm cursos sobre espiritualidade e saúde. “É importante esclarecer que não estamos falando de religião, que é o sistema de crenças e dogmas, nem de religiosidade, que é o quanto a pessoa se dedica à religião”, ressalta o cardiologista.

Ainda há um longo caminho, que envolve estudos teóricos e práticos, para se chegar às comprovações almejadas pelo grupo, segundo o Dr. Avezum. Mas a ciência já conta com algumas provas sobre como as emoções e o enfrentamento das adversidades – fatores ligados à espiritualidade na visão dos pesquisadores – impactam na saúde. “Está comprovado em 52 países que o stress emocional e a depressão aumentam significativamente os riscos de infarto do miocárdio e de acidente vascular cerebral. Pessoas que tiveram um evento estressor no último ano, como morte de familiar próximo, perda de emprego, ruína financeira ou separação conjugal, apresentaram aumento no risco de infarto, por exemplo”, afirma o médico.

“Só que alguns indivíduos reagem ao fator estressor de maneira positiva, são mais tolerantes e conseguem superá-lo, enquanto outros ficam magoados, ressentidos, com desejo de vingança, ou seja, têm emoções que se associam ao adoecimento. Se confirmarmos a relação entre saúde e espiritualidade, novas medidas preventivas de doenças poderão ser adotadas”, conclui o cardiologista, que é diretor de Pesquisa do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.

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