Entrevista
Dr. Marcelo Mota
O futuro da Cardiologia
Por Patrícia Pampuri Lopes Peres
Coordenadora de Ensino da AAC
Dr. Marcelo Mota é formado pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro em 1995. Fez residência em Clínica Médica no Hospital da Lagoa - RJ em 1998 e residência em Cirurgia Cardiovascular no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, na Equipe do Dr. José Pedro da Silva, em 2002. Possui Título de Especialista em Cirurgia Cardiovascular pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e Associação Médica Brasileira desde 2009. Atualmente é professor do curso de Medicina da UNICID e Coordenador da Liga Acadêmica de Cardiologia da UNICID (LAC-UNICID).
AAC - O senhor considera a área da cardiologia uma área boa para se seguir atualmente?
Dr. Marcelo Mota - Sim, é uma área excelente. Pois, você pode atuar em diversas vertentes, tais como, hemodinâmica, cardiologia do esporte, cardiogeriatria, ecocardiografia, cardiopediatria entre outras. Portanto, há muito espaço de trabalho.
AAC - Qual o caminho que o médico recém formado deve seguir se deseja seguir a especialidade cardiológica?
Dr. Marcelo Mota - Se o médico recém-formado decidir ir para área clinica, é necessário fazer dois anos de clinica médica e mais dois anos de cardiologia, e depois você pode realizar outra especialização na área cardiológica (exemplo: arritmologia). Já se deseja ir para a área cirúrgica, hoje muitas residências permitem a entrada direta para cirurgia cardiovascular, tendo uma duração de quatro anos, ou o que fica mais bem quisto no currículo, é realizar dois anos de cirurgia geral primeiramente. Mas, na minha opinião, se o recém formado deseja ir para cirurgia cardiovascular deve fazer diretamente, se for realmente o que deseja.
AAC - Na sua opinião, qual a importância das ligas de cardiologia e da AAC para o futuro do acadêmico?
Dr. Marcelo Mota - As ligas de cardiologia são de extrema importância, pois propiciam uma visão mais aprofundada da cardiologia, principalmente para as universidades onde essa cadeira não é tão proeminente. Propiciam também vivência prática da área através dos estágios. Outro ponto importante é que auxiliam no desenvolvimento do currículo do aluno e no amadurecimento quando se trata da realização e apresentação de trabalhos e artigos científicos. Uma outra vantagem é o contato com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e as sociedades de cardiologia regionais. As ligas de cardiologia também propiciam a criação de uma rede de contatos, tanto de médicos que já exercem a cardiologia quanto os futuros cardiologistas. A AAC apresenta os mesmos benefícios que as ligas, mas em um nível muito maior, um nível nacional e até internacional. E também estão realizando uma coisa que as ligas de cardiologia não conseguem, que é a redação e publicação de um livro, que atualmente já está em andamento, com alunos escrevendo. Isso é excelente para a formação profissional e curricular.
AAC - O que o aluno pode realizar durante sua formação médica que é importante para as residências médicas?
Dr. Marcelo Mota - O aluno, na minha opinião, deve decidir um objetivo e fazer o possível para atingi-lo. Para as residências, contam muito a apresentação de trabalhos em congressos, publicações, estágios, participação na organização de congressos e como ouvinte também. Fazer parte da diretoria da liga de cardiologia demonstra liderança e proatividade. As ligas de cardiologia e AAC são um veículo excelente para que o aluno atinga essas metas, portanto é essencial que o aluno participe dessas organizações.
AAC - Como o senhor tomou a decisão de seguir a área da cardiologia?
Dr. Marcelo Mota - Primeiramente, eu cursei a residência em clinica médica, mas não tinha definido o que desejava realizar, tanto que, antes de fazer cirurgia cardiovascular, também cursei pós-graduação em cirurgia. Mas me apaixonei pela cardiologia, pois ela é a essência da medicina e, além disso, você pode atuar em diferentes vertentes: pode fazer consultório, pode fazer cardiologia pediátrica, pode trabalhar em área de pesquisa, em procedimentos cirúrgicos (laboratório de intervencionismo). O mais incrível é que você pode mudar de área (por exemplo, atualmente também estou investindo em cardiointensivismo).
AAC - Como o senhor lida com a morte de seus pacientes?
Dr. Marcelo Mota - Ninguém sabe lidar com a morte de um paciente. Isso sempre tem um impacto grande no médico, não importa quantos anos de profissão você tenha. Contudo, a maturidade de saber acolher a família do seu paciente e oferecer o melhor atendimento técnico/humanístico nos ensina o sentido da profissão.
AAC - Com base na sua experiência profissional, o senhor tem algum conselho para os acadêmicos de desejam seguir a cardiologia?
Dr. Marcelo Mota - Meu conselho é seguir o que já falei nas outras perguntas. E atualmente, num mundo globalizado, com a facilidade de oportunidades em varios países, eu recomendo que o acadêmico não despreze a chance de viver a cardiologia também em outros países.