Entrevista
por Lucas Padilha Valentim
Coordenador Multidisciplinar da AAC
por Caroline Sbardellotto Cagliari
Vice-presidente da AAC
Dr. João Carlos Vieira da Costa Guaragna
Relato de uma entrevista
Dr. João Carlos Vieira da Costa Guaragna é médico cardiologista graduado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1975), tendo mestrado (1999) e doutorado (2008) nesta instituição. Atualmente é professor da PUCRS, chefe da unidade de pós-operatório imediato do Hospital São Lucas em Porto Alegre e coordenador do programa de residência médica em cardiologia do Hospital São Lucas da PUCRS.
Entrevistado em nome da AAC, Dr. Guaragna disse que, durante seu período como acadêmico de medicina, possuiu excelentes professores de cardiologia, a exemplo Dr. Aloisio Achutti, e que se empenhava na área, possuindo boas notas na cadeira de cardiologia, com 9,5 como nota final. Desde o início da faculdade teve o desejo de seguir a profissão como cardiologista, tendo grande interesse e também se dedicado muito para a anatomia e fisiologia cardíacas. Relata que acredita ter, também, sido influenciado pela sua história pessoal, na qual diz ter tido febre reumática durante a infância.
Ao ser questionado sobre as dificuldades e gratificações que teve durante o início de sua formação, relata que a dificuldade maior naquela época foi o fato de, como aluno da primeira turma da PUCRS, não possuir ainda hospital em funcionamento para o aprendizado, tendo assim optado pela residência em cardiologia no Instituto de Cardiologia, onde a concorrência era grande. Refere que sua gratificação maior é poder tratar pacientes que possuem uma baixa expectativa de vida, conseguindo prolongar qualidade de vida destes pacientes e aumentar sua sobrevida.
Dr. Guaragna descreve a cardiologia como emocionante e estimulante do ponto de vista profissional, destacando que o mercado de trabalho ainda está aberto para a vinda de novos profissionais desta especialidade, havendo bom retorno financeiro. Porém, destaca que a vida como cardiologista exige muito trabalho e dedicação, principalmente no início e na vigência de plantões. Ressalta que as especializações como hemodinâmica ou eletrofisiologia trazem maior retorno financeiro, porém com menos possibilidades no mercado de trabalho atualmente, uma vez que este encontra-se mais limitado, até por serem áreas muito procuradas na especialização médica, havendo outras áreas interessantes na especialidade de cardiologia.
Ao ser perguntado sobre sua opinião acerca do futuro da cardiologia, diz este ser o tratamento clínico, com a tendência na redução do número de cirurgias cardíacas. Salienta que tem convicção que o especialista no meio clínico sempre terá espaço no âmbito das patologias cardíacas. Acentua que a prevenção em cardiologia é muito importante, reduzindo o surgimento de cardiopatia isquêmica e insuficiência cardíaca, sendo sua aplicação efetiva desafiante, devendo ser prioridade de abordagem no consultório. Relata que os médicos da nova geração estão possuindo cada vez maior atenção na prevenção quando comparado com os médicos de outrora.
Por fim, ao ser solicitado qual conselho daria para os acadêmicos interessados em seguir a especialidade de cardiologia, aponta que os estudantes na faculdade devem se interessar pela medicina de uma forma geral, estudando com dedicação, e evidencia que, durante a residência, não devem limitar seu conhecimento, procurando presenciar todas as situações possíveis dentro da área da saúde, acompanhando com avidez bons preceptores.