Editorial
Ensino médico fora do país
por Ivan Lucas Picone Borges dos Anjos
Coordenador de Pesquisa da AAC
Todos sabem que estudar medicina nunca é uma tarefa fácil, tanto dentro quanto fora do Brasil. Entretanto existem formas diferentes de ingresso em diferentes partes do mundo. Na Argentina, por exemplo, o ingresso é feito por meio de um curso de um ano que cobre as disciplinas básicas, sem necessidade de “vestibular”. Nos Estados Unidos, é necessário ter uma graduação completa antes de candidatar para as “medical schools”. As três mais famosas instituições para cursar medicina ao redor do mundo são: Harvard Medical School, Universidade de Cambridge e Johns Hopkins University. Entretanto, o que esses cursos tem de bom, eles tem de caros, uma vez que é necessário muito investimento para manter a excelência do ensino e o financiamento de pesquisas. Por essa razão, existe a limitação para a distribuição de bolsas de estudo. Por outro lado, existem países que são os mais baratos de se estudar medicina, entre eles, estão: Bolívia, Cuba e Argentina.
Falando um pouco mais do nosso vizinho, a argentina, lá existe um sistema chamado Ciclo Básico Comum (CBC). São 6 matérias relacionadas ao curso desejado, no caso, medicina. Após a conclusão desse curso e aprovação nas 6 matérias, se ingressa na faculdade. A faculdade tem duração de 7 anos e mais 6 meses trabalhando de interno em um hospital.
Já na América do Norte, é um pouco diferente. Para começas a cursar as “Escolas Médicas”, tanto no Canadá quanto nos EUA, é necessário uma graduação de 4 anos envolvendo Química, Física e Biologia. Junto dessa graduação, é normal nos EUA os alunos passarem pelo pré-med, um curso que alavanca os conhecimentos das áreas prioritárias da medicina.
Antes de o estudante enviar a “Carta de Aplicação”, é necessário realizar a prova MCAT (Medical College Admission Test), que vai medir o conhecimento da primeira graduação. Caso a primeira língua não seja inglês, será necessário medir a fluência no idioma por meio do teste TOEFL ou IELTS. As notas dessas provas, mais a média da primeira graduação, corresponderá à Carta de Aplicação e irá garantir ou não sua vaga na universidade.
Caso você não queira estudar o curso inteiro fora, mas deseja fazer um intercâmbio em hospitais de fora, isso também é possível por meio da Associação Internacional de Estudantes de Medicina, a IFMSA-Brasil. A associação está presente em mais de cem países, com mais de 2 mil alunos associados só no Brasil.
Para participar é necessário que o estudante e sua faculdade estejam associadas à IFMSA. Após isso o estudante terá acesso às vagas do intercâmbio e irá elencar a ordem de preferência do intercâmbio. O aluno será escolhido de acordo com a pontuação de seu currículo que envolve publicação de artigos, participação de ligas acadêmicas.
Fica a cargo da IFMSA determinar o hospital que o estudante vai estagiar sem remuneração e também determinar onde será sua estadia. O resto é por conta do estudante, assim como o seguro de saúde. No que diz respeito à pesquisa, felizmente, no exterior, a bancado do laboratório é mais acessível do que em instituições brasileiras. Desde cedo, os alunos tem acesso à verba destinada para a educação.
A Revalidação do Diploma é um ponto muito importante para quem quer estudar fora e retornar para o Brasil. É realizado quando o indivíduo retorna para o país com a intenção de verificar se o profissional encontra-se no padrão nacional. É constituído de 110 questões ligadas à Medicina. Em seguida, vêm mais cinco perguntas, dessa vez, discursivas. Em geral, a parte teórica do Revalida ocorre durante oito horas, e é aplicada em um mesmo dia. Os alunos escolhem a universidade mais próxima onde podem fazer o teste e encaminham o diploma estrangeiro digitalizado, pelo sistema do INEP.
A segunda fase, aplicada cerca de um mês depois, que constitui a parte prática que são divididas em dez “estações”, e devem comprovar capacidades como a de ler exames e emitir diagnósticos de acordo com os sintomas relatados dos pacientes. É avaliada também a relação médico-paciente que deve ser respeitosa com o paciente e a explicação de maneira acessível por parte do médico. Esquecer de colocar luvas ou lavar as mãos, por exemplo, também desconta pontos na nota final. A primeira etapa custa 100 reais e a segunda custa 300 reais. É necessário acertar ao menos 50% da teórica para passar para a prática.
Para mais informações:
https://www.estudarfora.org.br//app/uploads/2017/05/eBook_Medicina-EstudarFora.pdf