Matéria Especial
O que todo estudante de medicina deve saber sobre HAS
por Daiany Castro
Associada da AAC
Prevalência maior que 30% na população brasileira, sendo que mais de 30% terá HAS até 65 anos, e entre 60 a 75 anos essa incidência chega a 60%.
A mortalidade por doenças cardiovasculares aumenta progressivamente com a PA a partir de 115/ 75 mmHg de forma linear, continua e independente.
Se considerarmos uma PA maior que 140/90 mmHg haverá prevalências entre 22,3% e 43,9% chegando a mais de 50% na população entre 60 e 69 anos e de 75% acima de 70 anos.
A HAS acomete mais no sexo masculino (35,8%) em detrimento do sexo feminino (30%) - Antes de entrar na menopausa as mulheres tem menor incidência de HAS do q os homens, logo os homens são mais hipertensos até os 50 anos. Depois isso se iguala porque na menopausa a mulher perde os efeitos dos hormônios endógenos.
Quando o paciente é hipertenso mal controlado, a chance de ter um AVE é bem maior do que um IAM. Já se for um paciente controlado sem picos a chance de um IAM é maior.
É uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados da pressão arterial. A hipertensão leva a alterações funcionais e / ou estruturais dos órgãos alvo: coração, encéfalo, rins e os vasos sanguíneos. Logo o tratamento objetiva evitar a progressão da doença nesses órgãos. As alterações metabólicas causadas pela Hipertensão Arterial Sistêmica levam ao aumento de eventos cardiovasculares fatais e não fatais como Acidentes Vasculares Cerebral, Infarto Agudo do Miocárdio, Insuficiência Respiratória, Derivação Ventrículo Peritoneal, podendo chegar à morte.
A diretriz de HAS lançou novas metas em relação aos seus valores, sendo necessário lembrar que:
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Normal: menos de 120/80 mmHg.
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Elevado: PA sistólica entre 120-129 e PA diastólica inferior a 80mmHg;
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Hipertensão Fase 1: Sistólica entre 130-139 ou diastólica entre 80-89mmHg;
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Hipertensão Fase 2: Sistólica pelo menos 140 ou diastólica pelo menos 90 mm Hg;
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Crise hipertensiva: Sistólica superior a 180 mmHg e/ou Diastólica acima de 120 mmHg, com pacientes que necessitam de mudanças imediatas na medicação em pacientes sem sintomas relevantes, ou hospitalização imediata se houver sinais de danos nos órgãos-alvos.
A HAS ainda é grande causadora de óbitos e internações.
Os principais motivos desse percentual são:
- Sua alta taxa de prevalência e baixa taxa de controle por ser assintomática;
- Pelo excesso de pílulas para diversas comorbidades já existentes;
- Custo alto das medicações prescritas;
- Efeitos colaterais das drogas;
Sabe-se que existem os graus de recomendações para todos os pacientes portadores de HAS, é importante que todo estudante de Medicina tenha conhecimento principalmente do que é obrigatório fazer e também do que não pode ser feito em nenhuma hipótese. Essas recomendações são divididas em classes, sendo elas:
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Classe I: Há evidência e/ou acordo geral de que um determinado procedimento é útil e eficaz e, você precisa fazer pelo seu paciente.
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Classe II- as evidência mostram alguns conflitos, há divergência de opiniões sobre a utilidade e eficácia do procedimento; Não é contra indicado e não tem a obrigação de fazer.
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IIA- Apesar da divergência o peso da opinião pende a favor da utilidade/eficácia do procedimento; Não é obrigado a fazer, se fizer não está errado, mais ajuda do quando atrapalha, tem um número de paciente que não se beneficia.
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IIB- A utilidade / eficácia está menos bem estabelecida; Poucos fazem por que o prejuízo é maior.
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Classe III- não há evidência a favor de determinado procedimento. Contra indicado fazer pelo paciente. É o procedimento que não deve ser feito em nenhuma hipótese.
Existem algumas variações e determinantes de pressão, são eles:
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Nicotina do cigarro eleva a pressão temporariamente (30 minutos) em 10-20 mmHg e aumenta a pressão arterial medida/PAM em fumantes – Não é considerada fator de risco direto para HAS, mas leva a doenças cardiovasculares devido a alta adesão endotelial que é muito ruim;
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Álcool em excesso eleva a PA. Na diretriz o uso de bebida alcoólica é classe II, não é contra indicado, pode em pequena quantidade, sendo 30g/dia homens e 20g/dia mulheres por cinco vezes na semana, mas não de maneira contínua.
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Cafeína aumenta pouco a PA no momento da ingestão, logo não é contraindicado.
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Consumo de alimentos hipercalóricos;
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Pressão arterial diminui com consumo de potássio – porém a ingestão de potássio não é classe I, não pode indicar potássio para reduzir PA, pode orientar a ingerir alimentos (frutas e verduras) com esse mineral.
É de grande importância ressaltar que na sístole e na diástole as artérias têm uma complacência fazendo com que tenham uma boa elasticidade, mas isso é perdido quando envelhecemos, com isso há a presença de um pico único na fase sistólica (pressão sistólica isolada – muito alta) e diastólica normal.
Fatores de risco na hipertensão arterial:
Esses são os fatores que nós precisamos trabalhar bastante na cabeça do paciente pra ter uma boa resposta na terapia, então alguns pontos vamos lembrar:
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Idade: a idade é sim um fator de risco para hipertensão, embora pacientes mais jovem tendem a ser mais fatais. Acima de 65 anos a prevalência de HAS é superior a 60%. Sabe-se que com a idade, a hipertensão vem e acontece enrijecimento as artérias, formação de placas e o aumento da vasoconstrição.
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Gênero e etnia: a prevalência global de HAS entre homens e mulheres é semelhante após os 50 anos, embora antes dessa idade seja mais elevada nos homens, isso acontece porque as mulheres até certa dessa idade são protegidas pelo hormônio estrogênio, progesterona, mas depois disso, igualam-se homens e mulheres, invertendo-se a partir da 5ª década. A HAS é duas vezes mais prevalente em indivíduos negros e de difícil tratamento, eles são geneticamente hiporenimênicos (pouca renina) chega um ponto que essa renina está quase que inibida, sendo assim, será ativada a cascata final da aldosterona, que é provoca uma grande retenção de sódio.Excesso de peso e obesidade: é um fator de risco direto e modificável. O excesso de peso se associa com maior prevalência de HAS desde idades jovens (> 50% dos casos).
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Ingestão de Sal: o problema é a ingestão de sal excessiva, o que mata, o que adoece é o excesso, ninguém que exagere uma vez ao mês vai ficar doente, o problema é o consumo excessivo todos os dias. Tem que sempre orientar a REDUÇÃO do sal, e também orientar em evitar conservas e embutidos. O efeito hipotensor à restrição do sal tem sido demonstrado, porque vai ativar aldosterona e a vida neuro-hormonal.
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-Ingestão de álcool: a ingestão de álcool por períodos prolongados de tempo pode aumentar a PA e a mortalidade cardiovascular em geral. O álcool não é a pior das situações, mas ele em poucas quantidades é benéfico, mas normalmente a gente não fala isso pra nenhum paciente.
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Sedentarismo: a atividade física reduz a incidência de HAS, mesmo em indivíduos pré hipertensos, bem como a mortalidade e o risco de DCV. Sedentários tem risco de 30% maior de desenvolver hipertensão que os ativos. Quando a gente fala em sedentário, é aquele que tem obesidade central, que não vai à esquina, que além é obeso, fuma, come a vontade, então isso agrava muito. A atividade física de três vezes a cinco vezes por semana ajuda, e não deve ser extrema, 30 minutos já é suficiente para ter saúde. A cima de 180x110 é CONTRAINDICADO QUALQUER TIPO DE ATIVIDADE FÍSICA. Fora isso devemos sempre orientar a atividade física.
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Fatores socioeconômicos: HAS é mais prevalente em indivíduos com menor escolaridade. Não é uma doença de pobre, mas pra aqueles que não entendem todas essas coisas comentadas aqui.
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Genética: a contribuição de fatores genéticos para a gênese da HAS está bem estabelecida na população. Às vezes o paciente se cuida desde cedo, mas com a contribuição genética tem alguns problemas.
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-Outros fatores de risco cardiovascular – Os fatores de riscos cardiovasculares se apresentam de forma agrega (predisposição genética, fatores ambientais, emocionais contribuem muito).
Cuidados para fazer a aferição:
1. Obter a circunferência aproximadamente do braço – existem as categorias: adulto, infantil e obeso.
2. Após a medida selecionar o manguito do tamanho adequado ao braço – deve cobrir 80% do tamanho e 40% da circunferência.
3. Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da fossa cubital – a artéria aferida é a artéria Braquial que se localiza medial ao braço, e é nessa posição que deve ser colocado o esteto e no próprio manguito existe uma seta apontando o local da artéria.
4. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial.
5. Estimar o nível da pressão sistólica – palpação do pulso radial, insuflar o manguito até o seu desaparecimento e desinflar rapidamente (principalmente no idoso, na criança, na grávida para evitar a pseudo hipertensão) o seu reaparecimento correspondera a PA sistólica. Não há necessidade de aguardar 1 min antes de uma aferição e outra, a não ser em casos que o paciente se encontra nervoso, irritado, algo que influencie na medida.
6. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula ou o diafragma do estetoscópio sem compressão excessiva.
7. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da pressão sistólica, obtido pela palpação.
8. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 mmHg por segundo).
9. Determinar a pressão sistólica pela ausculta do primeiro som (fase I de Korotkoff), que e em geral fraco seguido de batidas regulares, e, após, aumentar ligeiramente a velocidade de deflação.
10. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento dos sons (fase V de Korotkoff) hoje em dia a gravida se enquadra também na fase V de korotkoff, pois ficou comprovado que é nessa fase que faz o enchimento das artérias uterinas.
11. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois proceder a deflação rápida e completa.
12. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da sistólica/diastólica/zero – muito comum em idoso devido a aterosclerose.
13. Sugere-se esperar em torno de um minuto para nova medida, embora esse aspecto seja controverso.
14. Informar os valores de pressões arteriais obtidos para o paciente – mas quando dá alterado já na primeira aferição, deve-se aferir o outro braço e ai sim comunicar ao paciente o valor exato da PAS, isso para evitar um aumento da PA por ansiedade e nervosismo por parte do paciente.
15. Anotar os valores exatos sem “arredondamentos” e o braço em que a pressão arterial foi medida. Na próxima consulta deve-se priorizar o valor do maior membro.
Esses são alguns dos principais pontos que todo estudante de Medicina deve ter em mente para estabelecer um diagnóstico e/ou tratamento de hipertensão.
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Legenda: Fluxograma da abordagem terapêutica da FA com duração menor que 24 horas
Fonte: https://bit.ly/2lbVpvD